data-filename="retriever" style="width: 100%;">Guardar fotos ou objetos antigos, não serve apenas para alimentar uma simples nostalgia, é uma forma de manter um diálogo entre passado e presente, de preservar e distinguir um evento pretérito. Ao buscar tais lembranças, não apenas revivemos o fato, como damos-lhe a importância e destaque desejados. Somente guardamos objetos e fotos de momentos significativos que desejamos manter vivos. Tais objetos fazem parte do nosso acervo pessoal. No entanto, quando o fato, evento ou obra tem relevância social, ele incorpora uma importância coletiva que justifica a sua preservação e ele passa a fazer parte do patrimônio público.
A acumulação de elementos na memória faz parte do cotidiano, como garantia de sua identidade, através da transmissão de bens culturais. Nessa perspectiva, o patrimônio construído e preservado não apenas nos faz recordar, mas prova sua relação intrínseca com a memória, sendo esta responsável pelo processo de reconstrução dos fatos e períodos já vividos. Portanto, preservar o patrimônio histórico e arquitetônico é manter viva a história de uma cidade e de um país.
Dezessete de agosto é o dia dedicado ao Patrimônio Histórico Nacional. A data foi escolhida para homenagear o historiador e jornalista mineiro Rodrigo Melo Franco de Andrade devido a seu trabalho incansável pela proteção e preservação dos bens culturais nacionais. Ele foi o criador e o primeiro presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão de especial relevância, que tem por objetivo proteger e promover os bens culturais do país, assegurando sua permanência e usufruto para as gerações presentes e futuras.
A perda da memória social pode representar o fim da identidade de uma sociedade. De modo que isso não ocorra, é necessário reconstruir a memória dos grupos sociais, despertando nos indivíduos o sentimento de que é um sujeito atuante em seu meio social. Por isso, é importante celebrar a data, para reafirmar o compromisso de guardar as histórias das nossas cidades e promover a administração do processo de preservação de nossos bens, no fortalecimento da identidade nacional e na contribuição para o desenvolvimento socioeconômico do país.
Rubem Alves em sua obra: "Se eu pudesse viver minha vida novamente", fala sobre a importância de reviver fatos passados: "Quando se conta de novo uma estória, aquilo que nela aconteceu no passado imaginário se torna vivo no presente. Sim, já ouvimos a música muitas vezes. Sabemo-la de cor, mas queremos ouvi-la de novo para sentir a sua beleza sempre presente para rir e chorar. Assim é o tempo da imaginação."
Compreender a preservação do patrimônio é conhecer a história a partir de lembranças evocadas pela existência do mesmo. A proteção dos chamados lugares de memória somente se justifica se possuir um sentido para a coletividade e isso somente será possível se conhecermos e debatermos a história com profundidade, "repetindo a música várias vezes", destacando seus erros e acertos.